Foto: Reprodução/Marco Zero Conteúdo

Uma polêmica recente envolvendo o Shopping Tacaruna, em Recife, trouxe à tona sérias acusações de homofobia, acendendo debates sobre discriminação e segurança nos espaços públicos. A denúncia, publicada pela Marco Zero Conteúdo, revelou que o crachá dos seguranças do centro de compras incluía um código de ocorrência para “Homossexual”, equiparando essa classificação a eventos como “Assalto” e “Princípio de Incêndio”. A descoberta gerou indignação imediata e levantou sérios questionamentos sobre a intenção e a natureza desse protocolo.

Um código que discrimina

Segundo a denúncia, o código, longe de ser uma medida de proteção, tem sido utilizado para justificar abordagens intensificadas a pessoas identificadas como LGBTQIA+. Relatos indicam que seguranças do shopping estariam concentrando suas rondas em torno de casais homoafetivos e indivíduos com “trejeitos não heteronormativos”, criando um ambiente de vigilância opressiva e reforçando a discriminação. Para muitos, esse tipo de abordagem não só infringe direitos básicos de convivência, como também contribui para a perpetuação do preconceito, transformando o shopping em um espaço de exclusão para essa parcela da população.

Ação e mobilização

Diante da gravidade da situação, o autor da denúncia encaminhou o caso à Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembleia Legislativa de Pernambuco e também acionou a Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE). A OAB, por sua vez, confirmou que o caso foi levado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para uma investigação mais aprofundada, buscando apurar se o protocolo de segurança do shopping configura violação dos direitos da comunidade LGBTQIA+.

Nota oficial do Shopping Tacaruna

Em meio à controvérsia, o Shopping Tacaruna emitiu uma nota oficial reconhecendo a existência do código “Homossexual” nos crachás de seus seguranças. No entanto, a administração alegou que houve um mal-entendido em relação à utilização desse termo. Segundo o comunicado enviado à Marco Zero Conteúdo, os códigos têm o objetivo de “garantir a segurança de todos os frequentadores, sem discriminação de orientação sexual”. No texto, o shopping pediu desculpas pelo uso inadequado do termo e assegurou que está revisando seus protocolos.

“Acreditamos no direito à segurança de todas as pessoas, sem discriminação. O uso do termo foi um erro, e nos comprometemos a revisar essa prática. Pedimos desculpas por qualquer mal-entendido e garantimos que a revisão de termos e práticas está em andamento para assegurar a inclusão e o respeito”, destacou a nota.

A revelação desse protocolo levantou um debate muito maior sobre a homofobia estrutural presente em ambientes comerciais e a necessidade urgente de políticas de inclusão mais eficazes. Organizações de defesa dos direitos LGBTQIA+ expressaram sua preocupação com o uso de um termo que, para elas, representa uma violação direta à dignidade das pessoas homoafetivas. A crítica não se limitou à existência do código em si, mas também ao ambiente de exclusão e marginalização que ele pode fomentar, reforçando preconceitos em vez de promover um espaço seguro e acolhedor para todos.

Esse incidente reacendeu a discussão sobre a importância de treinamentos contínuos para profissionais de segurança, especialmente em locais de grande circulação como shoppings. Para muitos especialistas e ativistas, protocolos que discriminam, mesmo de maneira indireta, precisam ser completamente abolidos. Além disso, o caso demonstrou a necessidade de uma reformulação mais ampla das políticas internas desses espaços, garantindo que o respeito aos direitos humanos seja uma prioridade absoluta.

Com o caso já sob investigação do MPPE e da OAB-PE, os próximos passos serão fundamentais para determinar se houve violação dos direitos da comunidade LGBTQIA+ e se o shopping será obrigado a revisar profundamente seus procedimentos de segurança. A expectativa é que a análise cuidadosa das autoridades possa abrir precedentes para que outros estabelecimentos comerciais em todo o país repensem suas práticas e adotem medidas mais inclusivas.

A comunidade LGBTQIA+, por sua vez, espera que esse episódio sirva como um marco, gerando conscientização sobre as armadilhas do preconceito e mostrando que há um longo caminho a ser percorrido na construção de espaços realmente livres de discriminação. Afinal, a luta por igualdade e respeito continua, e cada passo nessa direção é um avanço para todos nós.

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